Esta citação judaica, foi a primeira coisa que pensei ao assistir o trailer deste documentário, apesar de não poder julgar um livro pela capa, ao analisar estes pequenos fragmentos deste documentário consegui ver uma coisa que há muito não conseguia enxergar: Esperança.
Lixo Extraordinário
O Documentário
Lixo Extraordinário é uma produção anglo-brasileira, dirigido pela inglesa Lucy Walker e co-dirigido pelos brasileiros João Jardim e Karen Harley.
Sinopse
Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a imaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano.
Comentário
Este documentário concorre ao Oscar na categoria de Melhor Documentário, mas já é um vencedor tendo arrebatado mais de 20 prêmios nos festivais que participou incluindo o de melhor documentário nos festivais de Sundance e Berlin. Quanto a Vick Muniz, é um artista brasileiro nascido em São Paulo que quando adolescente mudou-se para os EUA onde trabalhou 5 anos em subempregos passando por diversas dificuldades, conseguindo por seu talento ter hoje obras suas expostas em vários dos principais museus do mundo. Sua obra ainda que não creditada foi vizualizada por milhões de brasileiros na abertura da novela Passione. Quando retrata em alguma de suas obras problemas sociais, parte da venda destas obras é revertida para instituições que cuidam de crianças e adolescentes carentes. A genialidade deste documentário esta na forma de retratar um mundo invisível, de pessoas que vivem a margem da sociedade, pessoas que vimos todos os dias, mas que nem olhamos para seus rostos. Estas pessoas como todos os seres humanos tem sonhos, esperanças e amor, mas infelizmente estão submetidas diariamente a humilhação social. Sugiro como complemento ao tema o livro: Homens Invisíveis – Relatos de uma Humilhação Social. O qual a Revista Época fez uma matéria que pode ser visualizada no link abaixo .
A forma com que tratamos estas pessoas me faz lembrar a obra de H.G. Wells, A Máquina do Tempo, onde num futuro a humanidade se dividiria em duas raças . O viajante do tempo cedo se depara com os Eloi, a humanidade futura. Delicados, jovens e alegres, os Eloi vivem em comunidade nos gigantescos edifícios que salpicam os campos de temperatura agradável do mundo futuro. Mas, ao tentar conhecer melhor os Eloi, o viajante do tempo fica desconcertado. Os Eloi não exibem quaisquer sinais de curiosidade, de espírito inventivo, de labor ou uso de tecnologias. Limitam-se a viver as suas vidas por entre os bosques e as veredas do seu mundo luminoso, comendo frutas que aparecem nas mesas como que por milagre, vestindo roupas que não são manufaturadas por alguém visível. A princípio, o viajante no tempo entusiasma-se com o progresso humano, mas quanto mais conhece os Eloi mais se desencanta. Para o viajante no tempo, os Eloi são pouco mais do que crianças, vivendo alegremente num mundo que não compreendem. Debaixo dos Eloi, em profundos túneis, habitam os Morlocks, uma sub-espécie degenerada de ser humano. São os Morlocks que operam a maquinaria que permite o mundo alegre e despreocupado dos Eloi, que produzem a comida que os Eloi consomem, que manufaturam as roupas dos Eloi. Como preço pelo seu trabalho, os Morlocks alimentam-se dos Eloi, que raptam nas noites escuras. Ao viajante do tempo, o futuro que julgava inigualável e perfeito surge com as cores horripilantes da exploração social levada ao extremo absurdo. A dicotomia entre classe dominante (os Eloi) e classe operária (os Morlocks) surge como uma distorcida simbiose, em que a carne dos Eloi é dada aos Morlocks em troca de uma vida despreocupada. Este é o paradoxo que vivemos. Os catadores aqui representados prestam um serviço inestimável a sociedade, mas quando se fala em meio ambiente eles são invisíveis. Mas como o catador Tião fala no trailer em uma entrevista com Jô Soares, corrigindo o apresentador, eles não são catadores de lixo, são catadores de material reciclável. Eu discordo, acho que são bem mais que isso acho que são catadores de esperança.
“A hora mais escura da noite é justamente aquela que nos permite ver melhor as estrelas.”
Charles A. Beard
Fernando Franco
Graduando de Geografia
fernando.francal@bol.com.br
Graduando de Geografia
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Um comentário:
Agradeço a todos os comentários, isto da força para continuar.
Fernando Franco
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