quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
Guerra Cambial
Excelente artigo da Carta Capital sobre a Guerra Cambial entre os EUA e a China e que mostra a nova face da economia mundial.
Os elefantes brigam
Antonio Luiz M. C. CostaA guerra cambial foi declarada entre as maiores potências. O primeiro a usar a expressão foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao deixar de lado os eufemismos e dar nome aos bois em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 27 de setembro, dias antes de criar novas restrições à entrada de divisas estrangeiras e dirigir-se à reunião do FMI e Banco Mundial em Washington. Desde então, a expressão ganhou as manchetes da imprensa internacional e o palavreado diplomático sobre cooperação internacional para retomada do crescimento foi deixado de lado.
A frente principal dessa guerra é a batalha entre os EUA e a China. A moeda chinesa valorizou 21% de julho de 2005 a julho de 2008, quando a taxa de câmbio foi congelada por Pequim para proteger as exportações durante a crise. Desde julho de 2010, os chineses permitiram uma valorização cautelosa, mais 2% até agora. Washington insiste em que o yuan deveria valorizar entre 20% e 40%. O Congresso aprovou uma lei que permite impor sobretaxas a produtos chineses, sempre que indústrias estadunidenses se queixem de que a taxa de câmbio dá uma vantagem desleal a seus concorrentes, ameaçando acrescentar a guerra comercial à guerra cambial.
Jean-Claude Trichet e demais autoridades monetárias europeias somaram sua pressão à dos EUA.
Pequim continua a resistir com os seus consideráveis recursos. Com uma taxa de crescimento confortável (9,5% no terceiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2009), mas inflação em alta (perto de 3,5% no ano até agosto), a China poderia controlá-la valorizando sua moeda para baixar os custos das importações, mas preferiu elevar seu juro básico de 2,25% para 2,5% em 19 de outubro, pela primeira vez desde 2007. Pode ser o início de uma série de ajustes que frearão sua taxa de crescimento e a demanda mundial de commodities, dificultando ainda mais uma recuperação global. Quando brigam os elefantes, quem mais sofre é a grama, dizem os africanos.
Apesar da crise e da retração do consumo, que deveriam colaborar para conter importações e estimular exportações, o déficit do balanço de pagamentos dos EUA voltou a crescer. De 31 bilhões de dólares, em 1991, subiu para 104 bilhões, em 1996, e explodiu para 166 bilhões, em 1998 264 bilhões, em 1999 e 379 bilhões em 2000. Caiu ligeiramente, para 364 bilhões com a crise de 2001, mas depois voltou a aumentar continuamente até o auge de 759 bilhões, em 2006. Manteve-se perto dos 700 bilhões nos anos seguintes, para despencar 46%, para 375 bilhões, em 2009 – mas caiu apenas 15% com a China e 65% com o resto do mundo. Nos primeiros oito meses de 2010, foi de 335 bilhões, que aponta para um déficit superior a 500 bilhões no ano. A China representa quase a metade desse valor.
A crise não corrigiu, portanto, os desequilíbrios comerciais. O ajuste cambial chinês resolveria? Dificilmente: dada a diferença entre salários e custos de produção nos EUA e China, uma variação de 20% no câmbio não chegaria a tornar os produtos estadunidenses acessíveis aos trabalhadores de Xangai nem os produtos chineses ficariam caros demais em Nova York.
Não é apenas a percepção dos chineses, mas também de boa parte do mercado financeiro, que o governo de Barack Obama exige o impossível. Stephen Roach, presidente do Morgan Stanley Asia, diz que ajustes pelo câmbio não funcionaram para o Japão nos anos 80, como também não têm funcionado para os EUA, apesar de esses desvalorizarem sua moeda desde 2002: seria preferível que a China ampliasse sua previdência social para estimular seus trabalhadores a consumir. Glenn Maguire, economista do Societé Générale, em Hong Kong, reconhece que os chineses não podem aceitar uma valorização tão brusca. Essa acabaria por ser igualmente prejudicial aos EUA, que abandonaram grande parte das indústrias de mão de obra intensiva, cujos produtos hoje importam do Oriente. Se deixarem de comprar dos chineses, terão de importá-los de outro lugar.
Parte do déficit de Washington com Pequim seria redistribuída entre outros países, sem que o total baixe significativamente – para países recém-industrializados, como o Vietnã, por exemplo, quebrando empresas chinesas. Criaria problemas sociais e políticos para Pequim e obrigaria migrantes a voltar para o campo, como fez notar o primeiro-ministro Wen Jiabao. Ele propõe, em vez disso, que os EUA reformem suas estruturas de investimento e poupança e retirem restrições a vendas de produtos estratégicos e de alta tecnologia para a China – tais como produtos para a indústria aeroespacial e de informática –, que têm sido endurecidas desde 2007 e caíram de 18,3% de todas as exportações estadunidenses para o país, em 2001, para apenas 6,3%, em 2008.
A Obama, por sua vez, não restam muitas alternativas. A assessoria de Nouriel Roubini reduziu para 1,5% sua projeção de crescimento do PIB dos EUA em 2011, que ainda em junho os economistas ouvidos pelo Fed estimavam entre 3,5% e 4,2% (e, oficialmente, ainda é projetado em 2,5%). O pacote de estímulo que conseguiu aprovar no início do mandato não bastou para reverter o crescimento do desemprego e não lhe resta capital político para aprovar outro. Está com as mãos atadas para promover novas medidas progressistas. Tentar ser duro com os chineses com o maior alarde possível é tudo o que pode fazer para conter o estrago para seu partido nas eleições de novembro e sustentar a governabilidade nos difíceis anos de paralisia legislativa que virão.
Mesmo ante esse quadro, ninguém pode acusar os bancos de serem pessimistas. “A situação global se deteriora satisfatoriamente”, diz o relatório de outubro do Bradesco. Segundo o economista-chefe do banco, Octavio de Barros, a estagnação internacional não sugere novas rodadas de crise sistêmica, mantém baixa a inflação e os juros mundiais e brasileiros e assim colabora para que o Brasil continue a atrair investimentos e financiamentos.
O problema é que o excesso de otimismo é, em si, uma má notícia. Atrair mais recursos do que é possível aplicar de maneira produtiva é perigoso, como descobriram os que levaram ao pé da letra o entusiasmo de analistas financeiros pelos “mercados emergentes” no início dos anos 90, pelas empresas pontocom em fins dos anos 90 ou pelos derivativos do mercado hipotecário estadunidense antes de 2008. Todo mundo parece ganhar muito enquanto a pirâmide cresce, mas, quando ela chega a seus limites e desmorona, o resultado é pobreza súbita e estagnação prolongada para quase todos, com exceção dos mais espertos e bem informados.
Em 1997-1998, quando as crises mexicana, asiática, russa e brasileira desinflaram a bolha da especulação com os países “emergentes”, o Federal Reserve, banco central dos EUA então comandado por Alan Greenspan, resgatou o fundo LTCM e inundou o mundo com dólares para a ciranda financeira continuar a girar e proporcionar rendimentos de dois dígitos. O resultado foi a bolha pontocom. Quando o estouro desta foi seguido por uma série de escândalos financeiros (dos quais o da Enron foi o mais ruidoso) e pela ansiedade após o 11 de Setembro, o Fed interveio de novo para cortar juros e inflar a bolha imobiliária, até vê-la estourar em 2008, desta vez com consequências mais sérias e duradouras.
Tentando empurrar outro ciclo com a barriga, o Fed de Ben Bernanke volta a inundar o mundo com crédito em dólares e títulos do Tesouro – a chamada flexibilização quantitativa (quantitative easing) – o que até agora, sem dúvida, tem possibilitado a Wall Street fechar seus balanços com lucro e a seus executivos voltar a embolsar bônus milionários.
O objetivo é manter as taxas baixas para permitir aos bancos dos EUA “encontrar a saída” da crise na qual meteram a si mesmos e grande parte do mundo sem promover novos pacotes de estímulo ou maiores aumentos de gastos públicos. Até porque a provável vitória dos republicanos nas eleições legislativas aumentará ainda mais a pressão para cortá-los (exceto, é claro, no que se refere às despesas militares), aumentando a necessidade de uma bolha que substitua o crescimento da economia real.
O Banco Central Europeu age de maneira semelhante, procurando proteger seus bancos da fragilidade financeira dos países do Sul da Europa, os PIIGS, ao mesmo tempo que todo o continente embarca em medidas de “austeridade” que reduzem a demanda interna, pública e privada.
O que acontece com dinheiro barato quando o setor produtivo não pode investir? Não encontrando aplicação no mercado interno, em que o consumo e o emprego seguem estagnados (nos EUA, um terço das famílias tem mais dívidas que ativos) ou tendem a cair mais ainda, dólares e euros fluem para uma nova rodada de especulação financeira no exterior, com títulos, ações e dívidas do Japão e de países periféricos, principalmente os BRIC.
Procurando minimizar suas aplicações em dólares, a China também tem comprado títulos de dívida do Japão (27,4 bilhões de dólares nos primeiros sete meses de 2010), apesar de seu baixo rendimento, o que contribui para valorizar ainda mais a moeda japonesa. O Japão respondeu à dupla pressão oferecendo recursos de vulto (355 bilhões de dólares) às suas instituições financeiras a custo praticamente nulo (0,1% ao ano). Mas assim como os EUA e a Europa, não se atreve a novos pacotes de estímulo direto ao setor produtivo, a não ser em valor simbólico (10,9 bilhões de dólares).
Considere-se, por exemplo, o Brasil: a margem de arbitragem (diferença das taxas de juro) entre os rendimentos dos títulos brasileiros de longo prazo, perto de 12%, e a dos títulos dos EUA (1%). A isso deve somar-se o ganho com a valorização do real, 37% de dezembro de 2008 (dólar a R$ 2,33, real a 43 cents) até hoje (dólar a R$ 1,69, real a 59 cents): nada menos de 66% em 22 meses, ou um rendimento médio de 32% ao ano, que pode ser multiplicado dez ou cem vezes se alavancado por meio de derivativos.
No Japão, o ganho relativo é menor, pois os rendimentos dos títulos japoneses são nulos e a variação cambial é menor (de 91,21 ienes por dólar a 81,61 no mesmo período, perto de 12%), mas o volume das operações pode ser bem maior e os riscos aparentes são menores. A maior das jogadas, naturalmente, seria a valorização da moeda chinesa.
Os bancos centrais do mundo se veem num dilema: ou permitem a entrada massiva de dólares que supervaloriza suas moedas e tornam proibitivas suas exportações, o que logo faria a bolha estourar e suas economias implodirem, ou compram títulos do Tesouro dos EUA com rendimento real nulo e valor em queda, ou tentam mudar as regras do jogo, impondo controles de capital ou recorrendo a transações em outras moedas.
No caso do governo do primeiro-ministro Naoto Kan, a resposta veio na forma de esterilização da especulação financeira por meio de compra, pelo Banco do Japão, de títulos públicos e de dívida de empresas, fundos imobiliários e outros, além de redução do juro básico do já simbólico 0,1% ao ano para “entre zero e 0,1%”. A China também procura reciclar seu excedente comercial comprando empresas no exterior, mas é restringida, principalmente nos EUA, pela pressão política contra aquisições chinesas em setores estratégicos.
No Brasil, para conter a entrada desmedida de divisas estrangeiras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, instituiu desde 2009 uma alíquota de 2% no IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa e ações, elevou-a para 4%, no caso de aplicações financeiras em 4 de outubro (mantidos 2% para investimentos diretos em ações e derivativos). Não foi suficiente: a entrada de dólares em outubro continuou alta e a taxa de câmbio voltou a cair. Em julho, o Brasil recebeu, em média, 67,7 milhões de dólares diários e em agosto, 54,7 milhões.
Em setembro, esse indicador saltou para 796 milhões – dos quais 368 milhões, pouco menos da metade, corresponderam à captação da Petrobras (7,7 bilhões de dólares de estrangeiros). Nos primeiros oito dias úteis após a elevação, a média permaneceu em 273 milhões (apenas 36% abaixo de setembro sem Petrobras e o quádruplo de agosto) e o dólar continuou a cair. Apesar dos protestos do mercado financeiro, que queria isentar fundos de ações, duas semanas depois o ministro da Fazenda elevou o dique – embora Arminio Fraga, em nome das bolsas, proteste e diga que um câmbio abaixo de 1,60 real “não está necessariamente errado para o País hoje”.
Além de aumentar de 4% para 6% o IOF para aplicações estrangeiras no mercado financeiro, elevou-o de 0,38% para 6% no caso de operações de câmbio para constituir garantias para derivativos (bolsas de valores, mercadorias e futuros) em dinheiro ou títulos públicos. A Tailândia agiu de maneira semelhante, estabelecendo um imposto de 15% sobre o lucro de capital e rendimentos por juros derivados de investimento estrangeiro na dívida soberana. Se também isso não funcionar, o próximo passo serão controles de capitais, que até o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, está disposto a defender em caso de “boom nos empréstimos com moeda estrangeira para tomadores de empréstimo desprotegidos”.
Se a escalada continuar nessa direção e avançar pela guerra comercial, a arquitetura econômica e financeira da era da globalização será inviabilizada, incluindo a OMC, o Banco Mundial e o próprio FMI, que hoje, na prática, está reduzido a arbitrar os problemas europeus. Há o risco de se voltar aos padrões dos anos 30 ou 50, com taxas de câmbio duais, sistemas paralelos para o comércio e as finanças e fuga das moedas usadas por especuladores internacionais. A pressão inflacionária seria, nesse caso, devolvida para os EUA e Europa.
As chances de um acordo como o do Hotel Plaza de 1985, no qual europeus e japoneses concordaram em deixar suas moedas valorizarem ante o dólar, são mínimas. O mundo tornou-se mais complicado e os interesses mais divergentes. O máximo que se pode esperar da reunião do G-20, em Seul, marcada para 11 e 12 de novembro, é uma maior clareza sobre as linhas de frente dessa guerra e as armas que cada lado se dispõe a usar.
Fonte : Carta Capital
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Novas fotos da saída de campo de Geologia
Mais algumas fotos de nossa visita a Urubici, enviadas pelo nosso colega Luiz Carlos.
Valeu Luizão !!!!
Valeu Luizão !!!!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Eu não gosto de você Papai Noel !!!!
Monólogo de Natal de Aldemar Paiva
Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.
Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.
Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fôra preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu.
Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.
Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.
Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fôra preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu.
Sonda indiana identifica depósitos de gelo no polo norte da Lua
A descoberta de varios depósitos de gelo no polo norte da Lua abre possibilidades para a instalação de uma futura base lunar. Segue a matéria da BBC Brasil:
A sonda lunar indiana Chadrayaan-1, equipada com um radar americano, identificou depósitos de gelo em mais de 40 crateras no polo norte da lua, informou a Nasa durante uma conferência de ciência planetária no Texas, Estados Unidos.
Outros compostos, como hidrocarbonetos, estão misturados ao gelo lunar, segundo os resultados de uma missão da Nasa ao satélite chamada LCROSS.
As crateras contendo gelo têm diâmetro entre 2 km e 15 km, mas a quantidade de gelo em cada uma delas varia.
A Nasa, no entanto, afirma que as camadas de gelo devem ter pelo menos dois metros de espessura para terem sido identificadas pelo radar Mini-Sar, da agência americana, a bordo da sonda indiana.
O cientista Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, estimou que haja pelo menos 600 milhões de toneladas de gelo nessas crateras.
Na sombra
Em comum, as crateras têm grandes áreas onde a luz do sol nunca chega. Em algumas delas, a temperatura pode chegar a 25 Kelvin (248ºC negativos) – mais frio do que a superfície de Plutão – permitindo que o gelo permaneça estável.
“Na sua maioria, é puro gelo”, disse Spudis, que “pode estar sob alguns centímetros de regolito (camada de material solto que cobrem a superfície) lunar seco”.
Esta camada protetora de solo poderia evitar que blocos de puro gelo evaporassem, mesmo em áreas expostas à luz do sol, explicou ele.
Em fevereiro, o presidente americano Barack Obama cancelou o programa criado para levar os americanos de volta à Lua até 2020.
Mas, segundo Spudis, “agora podemos dizer com alguma confiança que uma presença humana sustentável na Lua é possível. É possível usando os recursos que encontramos lá”.
“Os resultados dessas missões, que vimos nos últimos meses, estão revolucionando totalmente nossa visão da Lua.”
Sondas não tripuladas
A Chandrayaan-1 foi a primeira contribuição da Índia para a frota de sondas não tripuladas lançadas à Lua nos últimos anos. O Japão, a Europa, a China e os Estados Unidos também enviaram missões com equipamentos para explorar o satélite em detalhes sem precedentes.
Os cientistas também descobriram que o gelo encontrado na Lua tem procedências e características variadas.
Um dos meios mais importantes de formação de água na Lua é pela interação com o vento solar, o fluxo de partículas que se move rápida e constantemente para fora do Sol.
A radiação espacial detona uma reação química na qual átomos de oxigênio já encontrados no solo adquirem núcleos de hidrogênio, formando moléculas de água e a molécula mais simples de hidrogênio e oxigênio (HO). Esta água “adsorvida” pode estar presente em finas camadas cobrindo o solo lunar.
A missão da LCROSS ainda identificou a presença, no solo lunar, de hidrocarbonetos, como etilenos.
Segundo o cientista chefe da missão, Anthony Colaprete, do Centro de Pesquisas Ames, da Nasa, os hidrocarbonetos podem ter chegado à superfície lunar trazido por cometas e asteroides – outra fonte vital de água lunar.
Mas, ele acrescentou, algumas dessas formações poderiam ter surgido através de reações químicas entre grãos de poeira inter-estelar acumulados na Lua.
Fonte: BBC Brasil
link da NASA sobre o assunto:
A regulamentação da mídia nos EUA
Matéria da Carta Capital sobre as diretrizes da mídia nos EUA, interessante o sistema de regulamentação americano sobre o setor, a pergunta é quanto tempo o governo levará para fazer uma regulamentação séria sobre os meios de comunicação. Segue a matéria:
A regulação da mídia nos EUA
Brasilianas.org21 de novembro de 2010 às 8:36hEmissoras de TV têm que cumprir exigências. Há limites à propriedade, obrigatoriedade de programação educativa para crianças e programação de produtores independentes
Do Luis Nassif Online
No Seminário Internacional de Mídia – que ocorreu dias 9 a 10 em Brasília -, visando colher subsídios para uma regulação do setor, uma das palestras mais instrutivas foi de Susan Ness, que participou da Federal Communication Comission (FCC), o órgão regulador do mercado norte-americano.
Segundo a tradição norte-americana, há uma ênfase em princípios gerais, em vez de detalhamento excessivo. Esses princípios – que norteiam a ação do FCC (o órgão regulador) são: investimento privado, competição, serviços universais e regionalismo. Além disso, tentou permanecer tecnologicamente neutra.
Emissoras de TV aberta nada pagam ao governo por seus canais de 6Mhz, mas têm que cumprir exigências. Há limites à propriedade, obrigatoriedade de três horas semanais de programação educativa para crianças, programação de produtores independentes.
As empresas de cabo precisam incluir emissoras locais, reservar canais para o governo e disponibilizar canais para serem alugados para fornecedores independentes e programação de minorias.
Um dos pontos centrais da regulação é o estímulo à competição. Como explicou Susan, “as políticas da FCC são dirigidas para facilitar a competição, em benefício dos consumidores, para ampliar as oportunidades de escolha e baixar os preços. Hoje em dia os setores de telefonia, de televisão a cabo ou por satélite são ferozmente competitivos, cada um deles oferecendo três tipos de serviço: voz, data e vídeo.
No caso da infraestrutura, o governo reconhece a necessidade de estimular os investimentos privados. Para tanto foram alocados recursos públicos para permitir a universalização da banda larga.
Explica Susan que “o atual Plano de Banda Larga da FCC tem como objetivo garantir para todas as comunidades o acesso local a notícias e informação na medida em que o mercado se transforma das mídias tradicionais para as novas”.
Um dos desafios norte-americanos é a carência de espectro de frequência para tanta tecnologia nova. Nos últimos três anos, algumas redes de dados sem fio experimentaram aumentos de até 5 mil porcento no tráfego móvel, especialmente pelo hábito de baixar vídeos.
O que a FCC tem feito é defender o uso flexível do espectro, sem donos fixos, permitindo às partes de ajustarem. Em junho passado, o presidente Barack Obama conclamou FCC e congresso a realocarem 500 MHz de espectro para permitir a universalização da banda larga.
A FCC está recorrendo a duas iniciativas. Se possível, gostaria que as emissoras devolvessem voluntariamente parte de seu espectro através de leilões de incentivo. O espectro seria leiloado e as emissoras receberiam parte da renda.
Outra iniciativa foi a liberação de canais de TV vagos para aplicações não licenciadas, como o Super Wi-Fi.
Um dos pontos centrais é a regulamentação do conteúdo. O governo norte-americano não controle conteúdo nem na broadcast, cabo ou satélite. No caso da radiodifusãoo a exceção é para conteúdo obscenos, visando proteger as crianças.
Qual o problema maior? O poder político da velha mídia. Nas últimas campanhas, foi gasto mais dinheiro na radiodifusão tradicional e a cabo do que em todas as eleições anteriores. Constata a pesquisadora: “Embora a nova mídia esteja transformando o mercado, a mídia tradicional ainda é bastante poderosa”.
A FCC – 1A FCC foi criada pela Lei da COmunicação de 1934. Com o tempo, o COngresso passou à FCC a incumbência de regular televisão aberta e a cabo, telefonia sem fio, telefonia e satélites, bem como para distribuir freqüências eletromagnéticas e distribuir licenças para não governamentais. Hoje regulam televisão com sinal aberto, cabo, telefonia móvel e fixa.
A FCC – 2A FCC possui cinco comissários, nomeados pelo presidente e confirmados pelo Senado para um mandato de cinco anos. No máximo, pode-se ter três comissários filiados a um mesmo partido. As decisões são tomadas por maioria simples – com o voto do presidente sendo igual ao de outro conselheiro. A FCC é independente e não faz parte da administração do Presidente. A voz do Executivo é a NTIA.
A NTIAA NTIA (Administração Nacional de Telecomunicação e Informação) é a voz da Administração Federal no setor. Pertence ao Departamento de Comércio. Ela pode comentar decisões da FCC. Também legislam sobre o setor o Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio, incumbidos de zelar pela lei antitruste. Qualquer proposta de fusão passa por ambos os órgãos. A FCC precisa prestar contas periódicas ao Congresso.
O Judiciário
Todas as medias desses órgãos podem ser apreciadas pelo Judiciário. Essa possibilidade cria disputas que leva anos para serem resolvidas, gerando incerteza no mercado. Segundo Susan, durante três anos essas disputas jurídicas impediram o FCC de estimular a competição nos mercados locais. E acaba gerando desequilíbrio, porque atores menos poderosos não têm condições de enfrentar causas custosas conntra grupos poderosos.
Todas as medias desses órgãos podem ser apreciadas pelo Judiciário. Essa possibilidade cria disputas que leva anos para serem resolvidas, gerando incerteza no mercado. Segundo Susan, durante três anos essas disputas jurídicas impediram o FCC de estimular a competição nos mercados locais. E acaba gerando desequilíbrio, porque atores menos poderosos não têm condições de enfrentar causas custosas conntra grupos poderosos.
Fonte : Carta Capital
Cientistas fazem 'mapa da gravidade' da Terra
Jonathan Amos
da BBC News, em Bergen
Cientistas criaram um "mapa da gravidade" terrestre, mostrando as diferentes influências desta força física ao redor do planeta.
O modelo, conhecido como geoide, define onde estão os níveis da superfície terrestre, esclarecendo se o sentido é "para cima" ou "para baixo".
Os cientistas afirmam que os dados podem ser usados em inúmeras aplicações, entre elas nos estudos de mudança climática para ajudar a entender como a grande massa de oceanos move calor ao redor da Terra.
O novo mapa foi apresentado em um simpósio sobre observação terrestre em Bergen, na Noruega, onde também estão sendo apresentados dados recolhidos por outras missões da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
Antes do fim da década, cerca de 20 missões da ESA totalizando cerca de 8 bilhões de euros serão lançadas para observar o espaço através de sondas.
Parâmetros
O mapa foi desenhado a partir de medições precisas realizadas pelo satélite europeu Goce, sigla formada a partir das iniciais da sonda exploradora de campo gravitacional e equilíbrio estacionário que circula na órbita terrestre a uma altitude de pouco mais de 250 km da superfície – a órbita mais baixa de um satélite de pesquisa em operação.
A Goce carrega três pares de blocos de platina dentro de seu gradiômetro – o aparelho que mede o campo magnético da Terra – capazes de perceber acelerações leves da gravidade sentida na superficie.
Em dois meses de observação, o satélite mapeou diferenças quase imperceptíveis na força exercida pela massa planetária em diferentes pontos do globo.
O mapa define, em um determinado ponto, a superfície horizontal na qual a força da gravidade ocorre de maneira perpendicular.
Estas inclinações podem ser vistas em cores que marcam como os níveis divergem da forma elíptica da Terra. No Atlântico Norte, perto da Islândia, o nível se situa a cerca de 80 metros sobre a superfície da elipsoide. No Oceano Índico, esse nível está 100 metros abaixo.
Os cientistas dizem que o mapa permitirá aos oceanógrafos definir como seria a forma dos oceanos se não houvesses marés, ventos e correntes marítimas. Subtraindo a forma do modelo, ficam evidentes estas outras influências.
Esta informação é crucial para criar modelos climáticos que levam em conta como os oceanos transferem energia ao redor do planeta.
Usos
Há outros usos para o geoide. O modelo fornece um sistema universal para comparar altitudes em diferentes partes da Terra, à semelhança dos aparelhos de nivelamento que, na construção, revelam aos engenheiros para onde um determinado fluido corre naturalmente dentro de um tubo ou cano.
Cientistas geofísicos também podem usar os dados da sonda para investigar o que ocorre nas entranhas profundas da Terra, especialmente naqueles pontos susceptíveis a terremotos e erupções vulcânicas.
"Os dados da Goce estão mostrando novas informações no Himalaia, na África Central, nos Andes e na Antártida", explica o coordenador da missão da Esa, Rune Floberghagen.
"São lugares bem inacessíveis. Não é fácil medir variações de alta frequência no campo gravitacional da Antártida com um avião, porque há poucos campos aéreos a partir dos quais operar."
A altitude extremamente baixa da Goce deveria limitar a utilização da sonda por no máximo mais dois anos. Entretanto, níveis relativamente baixos de atividade solar produziram condições atmosféricas calmas, fazendo o satélite consumir menos combustível que o estimado.
A equipe crêe que a sonda poderia ser utilizada até 2014, quando a falta de combustível desaceleraria a missão, obrigando-a a sair de órbita.
Fonte: BBC Brasil
Artigo da ESA sobre o assunto:
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