Interessante como a mídia tem o hábito de se esquecer de assuntos de grande importancia para humanidade, principalmente no Brasil. Passado algum tempo do terremoto do Japão e do grande acidente nuclear da usina Fukushima (grande sim, não se engane pelo que a mídia divulgou) a energia nuclear ainda é utilizada para produzir energia elétrica em diversos países, inclusive no Brasil. O incrivel é que estes paises continuem utilizando este tipo de tecnologia. Mas como a energia nuclear gera energia elétrica ?
Basicamente a reação nuclear gera calor que é utilizado para aquecer água que produz vapor que por consequência move uma turbina que gera energia elétrica. Parece simples, mas os perigos e as consequencias desta operação são imensos. Falhas humanas, falhas mecânicas e desastres naturais podem provocar acidentes catrastóficos, além da produção de rejeitos altamente nocivos.
O lixo nuclear
Países com usinas nucleares estabelecem diversas políticas para lidarem com o problema do lixo nuclear, O Brasil ainda não tem uma politica definitiva e muito material radioativo é produzido. Nas usinas de Angra estão guardados de forma provisória em um barracão próximo ao complexo nuclear.
Existe um depósito de material radiotavo também em Caldas - MG em uma das sedes da Industrias Nucleares do Brasil (INB), também acondicionado em um barracão. Recomendo a leitura da reportagem do site Studio46 sobre o assunto.
Em 1987 na cidade de Goiânia, ocorreu o pior acidente mundial radioativo fora de uma usina nuclear, onde apenas 19,26gr de Cloreto de Césio 137 proveniente de um aparelho de radioterapia abandonado.
Capsula contendo Césio
Fukushima
Cerca de uma hora após o terremoto do dia 11 de Março de 2011 a usina nuclear de Fukushima foi atingida por um tsunami provocando danos nos sistemas de resfriamento e ocasinando varias explosões e vazamento radioativo. As consequencias e a extensão do acidente ainda são encobertas pelo governo japones.
Chernobyl
Na madrugada de 26 de abril uma explosão no reator numero 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, devido a falhas de segurança na operação e falhas no projeto do reator, lançaram na atmosfera o equivalente a 400 bombas atomicas de Hiroxima em contaminação nuclear na atmosfera.
Em 27 de Abril os soviéticos evacuam a cidade de Pripyat que fica a menos de 30Km da usina, mas já era tarde demais, a população ja tinha sido atingida pela nuvem radioativa. a ONU reconheceu oficialmente 56 mortos no acidente, mas é impossivel determinar o numero de pessoas atingidas e suas sequelas. O fotógrafo Paul Fusco registrou fotos de pessoas vitimas dos efeitos radiação, seguem algumas fotos de seu trabalho Chernobyl Legacy.
Começou a ser desenvolvido no governo militar, mas a pergunta é porque um pais com enorme potencial hidroelétrico investe em energia nuclear ? Talvez a resposta esteja no video abaixo.
Seja como for as usinas de Angra funcionam como bombas relógio, são usinas defasadas tecnologicamente e próximo a áreas povoadas.
Agora com a intenção de construção de Angra 3, o que temos a dizer ao estado é:
A NASA apresentou nesta terça-feira 21/06, as imagens mais completas da superficie lunar. As imagens obitidas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), lançada em junho de 2009, produziram um mapeamento detalhado das crateras lunares. Utilizando um altimetro a laser a sonda realizou cerca de 4 bilhões de medições e um outro instrumento chamado Camera do Orbitador de Reconhecimento Lunar (LROC) permitiu imagens detalhadas de cerca de 5,7 milhões de kilometros.
Ao acordar de manhã sinto que alguma coisa esta errada, ao ir para o trabalho e me deparar com a realidade da minha cidade sinto que algo não se encaixa, ao olhar minha vida ao longo destes anos vejo que o mundo que as pessoas vivem não parece ser real. A paisagem se transformou, mas a maior transformação foi no modo como as pessoas encaram a vida, a esperança de transformar o mundo em algo melhor foi destruida pelo consumismo sem controle. Vivemos em um sistema politico em que a população vive unicamente como força de trabalho para sustentar a burguesia capitalista. Vivemos em uma escravidão moderna, estamos tão mergulhados em nosso cárcere que já não enxergamos as grades da prisão, estamos há tanto tempo na escuridão que não lembramos mais que existe luz.
As desigualdades sociais aumentam a cada dia, você pode acreditar nos numeros do governo, mas atualmente as pessoas ganham somente para sobreviver, o numero de pessoas endividadas aumenta a cada dia, hoje temos financiamento para casa própria, financiamento para veiculos, financiamento para eletroportateis, etc. O que me parece absurdo, é esta economia de financiamentos, todo mundo financiando sem levar em conta os juros absurdos cobrados e concordamos com tudo.
De outro lado existe a falência do Estado na educação, na saúde, no transporte, enfim os serviços básicos do estado estão a beira da ruína. Atualmente a saúde e a educação somente são oferecidas com qualidade a quem pode pagar por elas, salvo em raras excessões não existe ensino fundamental e médio público de qualidade no Brasil, em se tratando de universidades federais, há uma enorme falta de recursos que incidem diretamente na qualidade do ensino e nas pesquisas acadêmicas, bem como na permanencia dos estudantes nas mesmas, onde muitos são forçados a abandonar o curso devido a dificuldades financeiras.
A falta de ensino deixa a população alienada e a mercê de elite dominante, a qual não interessa a melhor redistribuição de renda de modo igualitário.
Em "A Ideologia Alemã" de 1846 Marx e Engels traçavam uma interação entre a ideologia dominante e a classe dominante, a qual reproduzo uma parte do texto:
«as ideias dominantes não são mais do que a expressão ideal das relações materiais dominantes tomadas como e por ideias; estas são então as relações que fazem dessa a classe dominante e, por conseguinte, as ideias da sua dominação. Os indivíduos que compõem a classe dominante possuem, entre outras coisas, consciência e necessariamente pensam. Assim, a partir do momento em que eles dominam como classe e determinam a extensão e o ritmo de uma época histórica, entre outros domínios, eles também dominam como pensadores, como produtores de ideias, regulando, por inerência, a produção e distribuição das ideias na sua época: portanto, as suas ideias são as ideias dominantes de uma época» (Marx e Engels, 1998, p.67).
O que nos traz a concepção que sendo a classe dominante proprietária dos meios de produção também domina o modo de disseminação da ideologia vigente e tem o poder de influenciar e promover pensadores que se adequem a sua concepção dominante.
Finalmente chegamos a causa de tudo isto facilmente, o sistema. O sistema economico é a base da sociedade, e quem dita a participação do estado na vida do individuo. O capitalismo visa a acumulação de capital, e a unica forma de fazer esta acumulação é através da exploração de outros individuos. Sendo assim temos no topo da pirâmide a classe dominante, aquela que conseguiu através da exploração de outros individuos acumular capital, e que utilizam a igreja e os meios de repressão além da midia para manter o controle sobre a classe proletariada, a qual é mantida em condições minimas de desenvolvimento para servir como mão de obra para sustentar um sistema que privilegia apenas os poucos que detem a maior parte do capital. Onde o papel do estado é relegado ao de oferecer o minimo para subexistencia da população.
A maioria da população não tem consciencia de sua função na pirâmide social, estão atrelados a outras preocupações inseridas em suas vidas através do sistema de dominação promovida pela classe dominante, vivem como escravos modernos, lutando por sua subexistência. Mas existe uma solução. Existe um estado onde há educação e saúde de qualidade oferecidas ao povo de forma gratuita, onde a economia é solidária, onde o desenvolvimento comum é o objetivo da sociedade, onde se acabam as grandes desigualdades sociais, onde não há o consumismo desenfreado nem a dominação ecônomica promovida pelos banqueiros e onda as pessoas vivem em igualdade. Alguns podem chamar de útopia, eu chamo de socialismo. O despertar ja começou, estamos acordando, a falencia do estado esta a nossa frente, o modelo atual não comporta mais os anseios da sociedade, é chegada a hora do basta! Como na música de Geraldo Vandré :
"Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão..."
A história esta à nossa frente, a hora de construir o futuro chegou.
Depois de muitos problemas, enfrentando a corrupção do estado e o sistema que oprime o povo, a um passo de desistir, voltamos das cinzas como a Fenix. Mas o renascimento tem seu preço, por isto uso uma citação de Heráclito:
“Nenhum homem pode atravessar o mesmo rio duas vezes, porquenem o homem nem o rio são os mesmos.”
A cada batalha, a cada derrota, a cada vitória, o que nos move não é o desejo da vitória mas a vontade de sentir o calor da batalha. A batalha forja os heróis e revela os covardes.
Após sentir o gosto amargo da derrota os verdadeiros guerreiros retornam com mais coragem para luta, os guerreiros usam com a verdade, já os covardes só lutam com a mentira.
"Grandes batalhas só são dadas a grandes guerreiros!"
Os humanos mudaram a forma como o mundo funciona. Agora também precisam mudar a forma como pensam sobre isso, diz editorial da revista The Economist sobre as profundas e perigosas mudanças que o homem vem provocando no planeta. O curioso no texto é que ele não menciona única vez o termo 'capitalismo' ao longo das 1.105 palavras do ensaio sobre a transformação do planeta sob a influência humana. Mas implicitamente denuncia o modo de produção do qual é porta-voz.
The Economist
Em editorial publicado na sua última edição, a prestigiosa revista liberal britânica The Economist adverte sobre as profundas mudanças que o homem vem provocando no meio ambiente nas últimas décadas. A taxa de extinção hoje, adverte o texto, é bem mais rápida que durante períodos geológicos normais. Estamos vivendo uma era de maior instabilidade. O curioso no texto é que ele não menciona única vez o termo 'capitalismo' ao longo das 1.105 palavras do ensaio sobre a transformação do planeta sob a influência humana.
No entanto, toca em vários pontos assustadores intrínsecos à dinâmica do dito sistema. De modo que, implicitamente, mesmo sem querer, comete uma estrondosa denúncia do modo de produção do qual é porta-voz. Um título alternativo para o referido editorial poderia ser: "É o capitalismo, estúpido!"
Publicamos a seguir a íntegra do editorial, publicado originalmente em português no Vi o Mundo:
Bem-vindos ao Antropoceno A Terra é uma coisa grande: se fosse dividida de forma equânime por todos os 7 bilhões de habitantes, cada um ficaria com quase um trilhão de toneladas. Pensar que o funcionamento de um ente tão vasto poderia ser mudado de forma duradoura por uma espécie que tem corrido pela superfície dele por menos de 1% de 1% de sua história parece, considerando apenas isso, absurdo. Mas não é. Os humanos se tornaram uma força da natureza que muda o planeta em escala geológica — mas numa velocidade mais rápida que a geológica.
Só um projeto de engenharia, a mina de Syncrude nas areias betuminosas de Athabasca, envolve o movimento de 30 bilhões de toneladas de terra — duas vezes mais que a quantidade de sedimento que flui em todos os rios no mundo em um ano. Aquele fluxo de sedimento, enquanto isso, está encolhendo: quase 50 mil grandes represas no último meio século reduziram o fluxo [de sedimento nos rios] em quase um quinto. É uma das razões pelas quais os deltas da Terra, onde vivem centenas de milhões de pessoas, estão erodindo num ritmo que impede que sejam reabastecidos.
Os geólogos se importam com sedimentos, martelando neles para descobrir o que têm a dizer sobre o passado — especialmente sobre as grandes porções de tempo que a Terra atravessa de um período geológico a outro. Com o mesmo espírito os geólogos olham para a distribuição de fósseis, para traços das geleiras, para o nível dos oceanos. Agora, um número destes cientistas argumenta que futuros geólogos, observando este momento do progresso da Terra, vão concluir que algo muito estranho está acontecendo.
O ciclo do carbono (e o debate sobre o aquecimento global) é parte da mudança. Assim também é o ciclo do nitrogênio, que converte nitrogênio puro da atmosfera em químicos úteis, e que os humanos ajudaram a acelerar em mais de 150%. Eles e outros processos antes naturais foram interrompidos, remodelados e, principalmente, acelerados. Os cientistas estão crescentemente usando um novo nome para este período. Em vez de nos colocar ainda no Holoceno, uma era particularmente estável que começou há cerca de 10 mil anos, os geólogos dizem que já estamos vivendo no Antropoceno: a idade do homem.
The new geology leaves all in doubt O que os geólogos escolhem chamar de um período histórico normalmente importa pouco para o resto da humanidade; disputas na Comissão Internacional de Estratigrafia sobre os limites do Período Ordoviciano normalmente não capturam as manchetes. O Antropoceno é diferente. É um daqueles momentos em que cai a ficha científica, como quando Copérnico entendeu que a Terra girava em torno do sol, momentos que podem mudar fundamentalmente a visão das pessoas sobre coisas muito além da ciência. Significa muito mais que reescrever alguns livros didáticos. Significa repensar a relação entre as pessoas e seu mundo — e agir de acordo com o resultado.
A parte de “repensar” é a mais fácil. Muitos cientistas naturais abraçam a confortável crença de que a natureza pode ser pensada, na verdade deveria ser pensada, separadamente do mundo humano, com as pessoas como meras observadoras. Muitos ambientalistas — especialmente aqueles da tradição norte-americana inspirada em Henry David Thoreau — acreditam que “o mundo selvagem é a preservação do mundo”. Mas as regiões isoladas, para o bem e para o mal, estão se tornando crescentemente irrelevantes.
Quase 90% da atividade vegetal do mundo, por algumas estimativas, é encontrada em ecossistemas onde o homem tem um papel significativo. Embora a agricultura tenha mudado o mundo por milênios, o evento Antropoceno dos combustíveis fósseis, da engenharia agrícola e, principalmente, dos fertilizantes artificiais à base de nitrogênio, incrementaram vastamente o poder da agricultura. A relevância das regiões preservadas para nosso mundo encolheu em face deste avanço. A quantidade de biomassa que agora anda sobre o planeta em forma de humanos ou animais de criação pesa muito mais que todos os outros grandes animais juntos.
Os ecossistemas do mundo são crescentemente dominados por um grupo limitado e homogêneo de culturas, animais de criação e criaturas cosmopolitas que se dão bem em ambientes dominados por humanos. Criaturas menos úteis ou adaptáveis se dão mal: a taxa de extinção hoje é bem mais rápida que durante períodos geológicos normais.
Recycling the planet O quanto as pessoas deveriam se amedrontar com isso? Seria estranho se não se preocupassem. A história do planeta contém muitas eras menos estáveis e clementes que o Holoceno. Quem pode garantir que a ação humana não pode empurrar o planeta para nova instabilidade?
Alguns vão querer simplesmente voltar o relógio. Mas retornar às coisas como eram não é realista, nem moralmente alcançável. Um planeta que em breve pode sustentar 10 bilhões de seres humanos precisa trabalhar de forma diferente de que quando sustentava 1 bilhão de pessoas, a maioria camponeses, 200 anos atrás. O desafio do Antropoceno é usar a engenhosidade humana para ajeitar as coisas para que o planeta possa cumprir sua tarefa do século 21.
Aumentar a resiliência do planeta vai provavelmente envolver algumas mudanças dramáticas e muitos pequenos ajustes. Um exemplo do primeiro pode vir da geoengenharia. Hoje o abundante dióxido de carbono emitido na atmosfera fica para a natureza recolher, o que ela não pode fazer suficientemente rápido. Embora as tecnologias ainda sejam nascentes, a ideia de que os humanos possam remover o carbono dos céus da mesma forma que ele é colocado lá é uma razoável expectativa do Antropoceno; não evitaria o aquecimento global a curto prazo, mas poderia reduzir seu impacto, com isso reduzindo as mudanças na química dos oceanos causadas pelo excesso de carbono.
Mais frequentemente a resposta estará nos pequenos ajustes — em encontrar formas de aplicar o músculo humano em favor da natureza, em vez de contra ela, ajudando assim a tendência natural de reciclar as coisas. A interferência humana no ciclo do nitrogênio tornou o nitrogênio muito mais disponível para plantas e animais; fez muito menos para ajudar o planeta a lidar com todo aquele nitrogênio quando as plantas e animais se satisfazem. Assim, sofremos cada vez mais com as “zonas mortas” costeiras, invadidas pelo brotar de algas alimentadas por nitrogênio. Pequenas coisas, como uma agricultura mais inteligente e melhor tratamento de esgoto, poderiam ajudar muito.
Para os homens, ter um envolvimento íntimo com vários processos interconectados numa escala planetária envolve muitos riscos. Mas é possível acrescentar à resiliência do planeta, em geral com medidas simples e graduais, se elas forem bem pensadas. E uma das mensagens do Antropoceno é que as ações graduais que nos trouxeram até aqui podem rapidamente se somar para provocar mudanças globais.
Durante toda a Guerra Fria, as superpotências mundias, Estados Unidos e União Soviética, se orgulhavam de possuírem espaços aéreos inexpugnáveis, e faziam questão de fazer enorme propaganda disso, como demonstração de poder.
O espaço aéreo da União Soviética era tão bem defendido que, dentro da doutrina militar americana, as possíveis missões contra alguns alvos específicos, em caso de guerra aberta, eram considerados, praticamente, como missões suicidas. Particularmente, a cidade de Moscou era considerada como uma das cidades melhor defendidas no mundo contra um ataque aéreo direto.
Todavia, nenhuma defesa é perfeita, e sempre haverá algum ponto vulnerável. De fato, um piloto ocidental conseguiu burlar todas as defesas russas, e não somente conseguiu sobrevoar boa parte da União Soviética e de Moscou, como também pousou lá, em pleno coração da cidade, na Praça Vermelha. Esse piloto não operava, no entanto, uma sofisticada aeronave invisível militar. Ele nem sequer era militar, era civil, e pilotava um simples e pacato Cessna 172 Skyhawk. Mathias Rust era um piloto amador alemão, e tinha então apenas19 anos de idade. Rust alugou o Cessna para fazer a mais extraordinária aventura da sua vida: invadir o espaço aéreo da União Soviética e pousar em Moscou, em uma missão idealista de "promover a paz".
Mathias Rust, na sua "missão", demonstrou uma boa dose de coragem, sangue frio, capacidade de planejamento e... ingenuidade. Era evidente que se tratava de uma aventura extremamente arriscada: durante a Guerra Fria, qualquer avião vindo do Ocidente sem o conhecimento e autorização dos soviéticos era considerado hostil, e estava a sujeito a destruição sem aviso prévio. Mas Rust resolveu desafiar abertamente os soviéticos, sem apoio e nem conhecimento de mais ninguém. Era uma aventura particular de adolescente.
Sua jornada começou no Aeroporto de Uetersen, perto de Hamburgo, na então Alemanha Ocidental, em 13 de maio de 1987. Tinha como destino o Aeroporto Helsinki-Malmi, na Finlândia. Quinze dias depois, na manhã de 28 de maio, após encher os tanques do avião, e com uma generosa quantidade de combustível extra a brodo, Rust fez um plano de voo para Stockholm, na Suécia. Após fazer uma última comunicação com o Controle de Tráfego Aéreo finlandês, mudou o rumo para Sudeste e voou em direção à Estônia, na então União Soviética.
O Cessna de Rust sumiu dos radares finlandeses quando sobrevoava Sipoo, no litoral do Golfo da Finlândia. Como Rust deixou de se comunicar pelo rádio, seu Cessna foi considerado desaparecido, e provavelmente acidentado, no mar. Uma missão de busca e salvamento foi organizada. Os barcos de patrulha da Finnish Border Guard encontraram uma mancha de óleo no mar, que presumiram se tratar de vestígios do Cessna, mas não conseguiram confirmar, obviamente, pois Rust ainda estava voando.
Após cruzar a linha de costa da Estônia, Rust tomou uma proa para Moscou. Voando baixo, mas sem se preocupar em voar rente ao solo, foi interceptado pelos radares do PVO (ProtivoVozdushnoy Oborony - Forças de Defesa Aérea), pela primeira vez, às 14 horas e 29 minutos, hora local. Sem nenhuma identificação como aeronave amiga e em silêncio de rádio, o Cessna foi declarado invasor. O PVO declarou alerta vermelho, colocando mísseis antiáreos em prontidão e despachou dois caças para interceptar o intruso.
Os mísseis não foram disparados, pois era necessário obter autorização superior para isso, e tal autorização nunca foi concedida. Um dos dois caças fez contato visual com o Cessna de Rust, às 14 horas e 48 minutos, perto de Gdov, na Estônia, e identificou seu alvo como um pequeno avião branco, similar a um avião leve russo Yakovlev Yak-12, de asa alta. Pediu para engajar o alvo, mas tal autorização foi negada.
É de se duvidar que os caças, ou mesmo os mísseis antiaéreos, pudessem destruir o pequeno Cessna. O avião de Rust era tão pequeno, manobrável e lento que tornaria o seu abate uma proeza equivalente a caçar pardais com canhão.
Pouco tempo depois, os caças perderam o contato com o Cessna. Quando sobrevoava a região de Starava Russa, já na Rússia, o avião também sumiu dos radares. Especulou-se que Rust talvez tivesse pousado em algum lugar dessa região, para trocar de roupas, descansar um pouco e, possivelmente, reabastecer os tanques com a gasolina extra que carregava a bordo, mas isso nunca foi confirmado.
O PVO ainda conseguiu detectar o avião várias vezes, mas, contando com uma sorte incrível, Rust e seu avião foram confundidos com aeronaves russas. Próximo a Pskov, foi confundido com aeronaves de treinamento que usavam o local como área de manobras, e cujos inexperientes pilotos frequentemente se esqueciam dos códigos IFF (Identification Friend or Foe - Identificação de Amigo ou Inimigo) corretos. Em consequência, todos os aviões na área foram considerados "amigos", inclusive Rust.
Quando sobrevoava Torzhok, o Cessna foi confundido com um dos helicópteros que faziam uma missão de busca e salvamento de um acidente aeronáutico ocorrido no dia anterior. Depois, sempre contando com uma sorte incrível, Rust continuou sendo confundido com aeronaves russas de treinamento e continou seu voo sem ser perturbado.
Embora voando sobre a superdefendida União Soviética, que enchia de temores qualquer piloto militar americano, Rust só passou medo real por uma única vez, quando percebeu a aproximação dos caças sobre a Estônia. Procurou espantar o medo recordando do incidente do voo KAL 007, um Boeing 747 civil coreano que foi abatido, cheio de passageiros, em espaço aéreo soviético, alguns anos antes, e que provocou protestos do mundo inteiro. Julgou que os soviéticos não iriam se arriscar a novos protestos por causa de um simples monomotor civil. Mas Rust manteve-se tenso durante o voo inteiro, e não era para menos.
Sem ser incomodado, Rust começou a sobrevoar os arredores de Moscou no final da tarde. Sua intenção era pousar dentro do Kremlim, mas pensou melhor e mudou seu objetivo para a Praça Vermelha. Afinal, o Kremlim era um local fechado ao público em geral, e a KGB poderia muito bem eliminá-lo lá dentro, sem chamar a atenção de mais ninguém, e ocultar o incidente do resto do mundo. Já a Praça Vermelha era um lugar público, tinha turistas estrangeiros, o que tornaria o incidente imediatamente conhecido de todos e da imprensa. Isso poderia protegê-lo de ser simplesmente executado.
Pouco antes da 19 horas, Rust sobrevoava a Praça Vermelha, procurando um local para pousar. Não era fácil, pois a praça sempre tem intenso tráfego de pedestres. Afinal, encontrou um espaço livre na ponte próxima à Catedral de São Basílio, e lá pousou sem maiores dificuldades, às 19 horas. Ainda era céu claro, nessa época do ano. Taxiou como se fosse um carro de passeio na avenida, parou ao lado da Catedral, a 100 metros da Praça Vermelha, desligou o motor e desceu do avião.
Sua extraordinária sorte o protegeu até esse instante: a ponte era protegida contra pousos de aeronaves por cabos de aço, que foram removidos para manutenção justamente na manhã daquele mesmo dia. Seriam reinstalados no dia seguinte. Os transeuntes perplexos não foram hostis com Rust e até o cumprimentaram. Mas não demorou muito para a polícia chegar e prender o audacioso piloto. O julgamento de Rust pela Justiça Soviética começou no dia 2 de setembro de 1987. Ele foi sentenciado a 4 anos de prisão por baderna, infração às regras de tráfego aéreo e invasão de fronteira, e enviado à Prisão Lefortovo em Moscou. Foi uma sentença relativamente leve, pois, em outros tempos, talvez fosse mandado para a Sibéria pela KGB por espionagem e nunca mais saísse de lá, vivo. Não chegou a cumprir a pena integralmente. Dois meses depois de Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan assinarem um tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio alcance instalados na Europa, o Soviete Supremo, em um gesto de boa vontade, mandou libertar Rust, que foi deportado para a Alemanha, Ocidental. Desembarcou naAlemanha Ocidental no dia 3 de agosto de 1988.
A aventura pessoal de Mathias Rust teve consequências inimagináveis na História. Naquela época, Mikhail Gorbachev defendia uma ampla reforma e uma abertura do regime soviético, a Perestroika e a Glasnost, que tinham, no entanto, grande oposição por parte dos militares russos. O incidente de Rust, no entanto, desmoralizou e humilhou os militares russos no mundo inteiro. Afinal, um simples avião civil, com um piloto amador quase adolescente, passou por todas as defesas e pousou sem oposição no centro da capital soviética, ao lado do Kremlin.
Gorbachev soube aproveitar muito bem o incidente: demitiu o Ministro da Defesa Soviético, Serguei Sokolov, o Chefe de Defesa Aérea, Alexander Koldunov e centenas de outros oficiais. Com a desmoralização dos militares, Gorbachev conseguiu implantar as reformas que queria, que acabaram criando um caos econômico que desembocou na queda do Muro de Berlim, no fim da Guerra Fria e no fim da União Soviética, em dezembro de 1991. Pequenas causas criaram grandes efeitos. Do jovem idealista Mathias Rust, que queria, com seu voo épico, fazer um gesto em favor da paz, sobrou pouco. Depois de voltar à Alemanha Ocidental, recusou-se a fazer o Serviço Militar Obrigatário, por razões de consciência, pois era a favor da paz. Provou isso com o seu voo. Suas razões foram aceitas, e, em alternativa, teve que prestar serviços comunitários em um hospital alemão.
Enquanto estava no hospital, apaixonou-se perdidamente por uma enfermeira que, no entanto, não correspondeu ao seu amor. Acabou esfaqueando a enfermeira, e recebeu uma sentença de 4 anos de prisão por tentativa de homicídio. Foi libertado depois de 15 meses.
Depois disso, casou-se, divorciou-se e voltou a casar. Cometeu vários pequenos delitos, como roubar um casaco de cashemira em uma loja, não pagar dívidas e cometer pequenas fraudes. O Governo da Finlândia apresentou-lhe uma conta de 100 mil dólares pela missão de busca e salvamento levada a cabo no dia do seu voo histórico. Graças à fama que ganhou com a sua "missão" a Moscou, conseguiu amealhar uma pequena fortuna e fundou uma organização dedicada à paz, denominada Orion and Isis, que, todavia, nunca fez nada muito relevante, até hoje.
Hoje, aos 42 anos de idade, Mathias Rust é sócio de uma empresa de investimentos na Estônia, mas sobrevive mesmo como jogador profissional de poker. Parece que sua sorte ainda não o abandonou, pois consegue grandes lucros com isso.
O avião que Rust usou para chegar a Moscou, um Cessna F172P, fabricado sob licença pela Reims, da França, em 1983, foi matriculado na Alemanha como D-ECJB, e ficou apreendido na Rússia durante algum tempo, até ser devolvido para a sua proprietária, a Atlas, de Ganderkesee, Alemanha. Foi posteriormente exportado para o Japão. mas, provavelmente, nunca recebeu uma matrícula japonesa. Em 2008, o Deustches Technikmuseum Berlin levou o avião do Japão de volta para a Alemanha (foto acima, ainda com a matrícula original), onde está hoje em exibição pública, totalmente restaurado (foto abaixo). O Cessna de Rust é uma aeronave histórica, pois chegou onde nenhum avião militar ocidental jamais conseguiu sequer se aproximar, durante a Guerra Fria.
Mesmo sendo um típico anti-herói, Mathias Rust teve um papel desproporcionalmente grande na história, pois o seu voo provocou uma desmoralização geral nos militares soviéticos, que perderam poder e acabaram cedendo às reformas de Gorbachev. Em última análise, Mathias Rust e seu pequeno Cessna podem ter precipitado o fim da União Soviética, do Muro de Berlim e da Guerra Fria.Hoje, aos 42 anos de idade, Mathias Rust é sócio de uma empresa de investimentos na Estônia, mas sobrevive mesmo como jogador profissional de poker. Parece que sua sorte ainda não o abandonou, pois consegue grandes lucros com isso.
Nas primeiras 24 horas de bombardeios a Libia, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Trata-se de um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares, sendo uma substância muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Esse urânio empobrecido pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos em bebês e síndromes de imunodeficiência, entre outras doenças. “Os mísseis que levam pontas dotadas de urânio empobrecido se ajustam à perfeição à descrição de uma bomba suja...Eu diria que é a arma perfeita para assassinar um monte de gente”. Marion Falk, especialista em física e química (aposentada), Laboratório Lawrence Livermore, Califórnia (EUA). Nas primeiras vinte e quatro horas do ataque contra a Líbia, os B-2 dos EUA lançaram 45 bombas de 2 mil libras de peso cada uma (um pouco menos de uma tonelada). Estas enormes bombas, junto com os mísseis de cruzeiro lançados desde aviões e navios britânicos e franceses, continham ogivas de urânio empobrecido. O DU (urânio empobrecido, na sigla em inglês) é um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares. Trata-se de uma substância muito pesada, 1,7 vezes mais densa que o chumbo, muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Quando uma arma que leva uma ponta de urânio empobrecido golpeia um objeto sólido, como uma parte de um tanque, penetra através dele e depois explode formando uma nuvem quente de vapor. Esse vapor se transforma em um pó que desce ao solo e que é não só venenoso, mas também radioativo. Um míssil com urânio empobrecido quando impacta algo sólido queima a 10.000°C. Quando alcança um objetivo, 30% dele fragmentam-se em pequenos projéteis. Os 70% restantes se evaporam em três óxidos altamente tóxicos, incluído o óxido de urânio. Este pó negro permanece suspenso no ar, e dependendo do vento e das condições atmosféricas pode viajar a grandes distâncias. Se vocês pensam que Iraque e Líbia estão muito distantes, lembrem-se que a radiação de Chernobyl chegou até Gales. É muito fácil inalar partículas de menos de 5 micra de diâmetro, que podem permanecer nos pulmões ou em outros órgãos durante anos. Esse urânio empobrecido inalado pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos, síndromes de imunodeficiência e estranhas enfermidades renais e intestinais. As mulheres grávidas expostas ao urânio empobrecido podem dar à luz a bebês com deformações genéticas. Uma vez que o pó se vaporiza, não cabe esperar que o problema desapareça. Como emissor de partículas alfa, o DU tem uma vida média de 4,5 milhões de anos. No ataque da operação “choque e pavor” contra o Iraque foram lançadas, somente sobre Bagdá, 1.500 bombas e mísseis. Seymour Hersh afirmou que só o terceiro comando de aviação dos Marines dos EUA lançou mais de “quinhentas mil toneladas de munição”. E tudo isso carregava pontas de urânio empobrecido. A Al Jazeera informou que as forças invasoras estadunidenses dispararam 200 toneladas de material radioativo contra edifícios, casas, ruas e jardins de Bagdá. Um jornalista do Christian Science Monitor levou um contador Geiger até zonas da cidade que sofreram uma dura chuva de artilharia das tropas dos EUA. Encontrou níveis de radiação entre 1.000 e 1.900 vezes acima do normal em zonas residenciais. Com uma população de 26 milhões de habitantes, isso significa que os EUA lançaram uma bomba de uma tonelada para cada 52 cidadãos iraquianos, ou seja, uns 20 quilos de explosivos por pessoa. William Hague, Secretário de Estado de Assuntos Exteriores britânico, disse que estávamos indo a Líbia “para proteger os civis e as zonas habitadas por civis”. Vocês não têm que olhar muito longe para ver a quem e o que está se “protegendo”. Nas primeiras 24 horas, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Um informe sobre controle de armamento realizado na União Europeia afirmava que seus estados membros concederam, em 2009, licenças para a venda de armas e sistemas de armamento a Líbia no valor de 333.357 milhões de euros. A Inglaterra concedeu licenças às indústrias bélicas para a venda de armas a Líbia no valor de 24,7 milhões de euros e o coronel Kadafi pagou também para que a SAS (sigla em inglês do Serviço Especial Aéreo) para treinar sua 32ª Brigada. Eu aposto que nos próximos 4,5 milhões de anos, William Hague não irá de férias ao Norte da África. Fonte: Carta Maior